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Porque mesmo nas palavras dos outros, a memória e a saudade, estão presentes.
Momentos únicos que revejo, tantas vezes, intimamente.
Um deles foi o de ter sido mãe e, confesso, que adorei.
A gravidez dos meus dois filhos (em situações diferentes) foi tão desejada que recordo somente os bons momentos, o prazer de cada movimento, os pontapés (às vezes a desoras), as mudanças do corpo e, inclusive, os típicos enjoos que não me incomodaram.
Houve muitos momentos de grande felicidade na minha vida, que evoco com saudade, mas a gravidez foi um dos maiores e melhores, só superada pela alegria de ter, pela primeira vez, o meu neto Luca nos braços.
Quem já é avó deve entender na perfeição esta dualidade de sentimentos; é uma dádiva que ultrapassa todos os sentidos.
Se adorei ter filhos, o que sempre foi um objectivo de vida (adorava ter tido mais, mas a vida não o permitiu), ser avó era um sonho que acalentei desde sempre.
Não se riam! É verdade.
Desde muito nova que o nome Avó me fascinava. E sempre desejei ter o privilégio de ser assim chamada. Concedida esta magnifica graça, o Luca é hoje, confesso, o menino dos meus olhos, do meu coração e, até, do meu sorriso; sempre que nele penso, apetece-me sorrir.
Até um poema inserido a páginas 7 do livro "Fernando Pessoa. Comboio, saudades, caracóis", organizado por João Alves das Neves em 1988, traz-me a lembrança do Luca e sorrio, feliz, lembrando os gorros, bonés e chapéus, com que os papás dele o protegem.
Havia um menino
Havia um menino,
que tinha um chapéu
para pôr na cabeça
por causa do sol.
Em vez de um gatinho
tinha um caracol.
Tinha o caracol
dentro de um chapéu;
fazia-lhe cócegas
no alto da cabeça.
Por isso ele andava
depressa, depressa
p’ra ver se chegava
a casa e tirava
o tal caracol
do chapéu, saindo
de lá e caindo
o tal caracol.
Mas era, afinal,
impossível tal,
nem fazia mal
nem vê-lo, nem tê-lo:
porque o caracol
era do cabelo.
São nestes pensamentos que vagueio e que dão novo incentivo à minha vida.
Entre os afectos de quem amo e o amor das palavras que compõem a poesia da minha alma, é este o meu mundo.
Que partilho com gosto!
Te parabelizo por conseguires exprimir em palavras todo este sentimento. Não restam dúvidas és uma escritora a sério!! Não precisas de floreados pra te exprimires.
Amei!!
Bjokas!!