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Teu corpo é Agosto
Tu cheiras a verão
por baixo das veias
Tu cheiras a quente
Tu cheiras à febre
do sangue maduro
Teu ventre de orgia
teu cheiro a sodoma
aroma-mulher
Teu corpo de Agosto
tem cheiro a Setembro
Poema de Manuela Amaral
Porque o Verão está a terminar e, porque me desafiaram a fazê-lo, deixo aqui esta imagem e este poema, agradecendo a quem me enviou por mail.
Irrompe do teu corpo iluminado
toda a luz de que o mundo sente falta
Não a que mais reluz. Só a mais alta
Só a que nos faz ver o outro lado
do bosque onde o Futuro e o Passado
defrontam o Presente que os assalta
num combate indeciso a que nem falta
o sabor de saber-se ilimitado
Irrompe assim a luz entre os extremos
da mesma renovada madrugada
E vibra a cada instante um novo grito
Com essa luz do grito é que nós vemos
que Passado e Futuro não são nada
apenas o presente é infinito
Poema de David Mourão Ferreira
No pôr do sol morno
Na delícia do dia que se esvai
Tal como rio
Que de corrente fraca
Desliza preguiçosamente fragas abaixo
Até à planície onde quase adormece.
Na magia desta fronteira de luz coada
Meu ser paira entre o real e o fantástico
Envolto na suavidade das cores que sucessivamente
acontecem metamorfoseando as sombras e a luz.
Irresistivelmente
Estendo os braços para abraçar o vazio imenso à minha
Volta
E curiosamente
Abraço a miragem do teu corpo
E sinto teu hálito quente que me segreda paixão.
Poema de Maria Mamede in "Palavras Gastas"
Quase roçando a areia, tão beijada
pelas ondas do mar, serenamente,
à luz avermelhada e fulva do poente,
eu paro... passa a minha nau doirada.
É nau forte a errar no mar fulgente,
coberta de luzes a amurada...
Pelo sopro das ondas embalada
parece o amor no coração da gente.
É nau de sonhos, um sonho enorme em flor,
buscando as horas mágicas de cor
em que o sol morre e sente-se a verdade.
Oh minha nau doirada espera um pouco
levas ao leme um timoneiro louco
e fica meu coração doendo de saudade.