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por Otília Martel, em 27.08.05

Teu corpo de Agosto

 

Autor desconhecido

 

 

Teu corpo é Agosto

Tu cheiras a verão
por baixo das veias

Tu cheiras a quente

Tu cheiras à febre
do sangue maduro


Teu ventre de orgia
teu cheiro a sodoma
aroma-mulher

Teu corpo de Agosto
tem cheiro a Setembro

 

Poema de Manuela Amaral

 

 

Porque o Verão está a terminar e, porque me desafiaram a fazê-lo, deixo aqui esta imagem e este poema, agradecendo a quem me  enviou por mail.

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por Otília Martel, em 22.08.05

Irrompe...

  

Irrompe do teu corpo iluminado

toda a luz de que o mundo sente falta
Não a que mais reluz. Só a mais alta
Só a que nos faz ver o outro lado

 

do bosque onde o Futuro e o Passado
defrontam o Presente que os assalta
num combate indeciso a que nem falta
o sabor de saber-se ilimitado

 

Irrompe assim a luz entre os extremos
da mesma renovada madrugada
E vibra a cada instante um novo grito

 

Com essa luz do grito é que nós vemos
que Passado e Futuro não são nada
apenas o presente é infinito

 

Poema de David Mourão Ferreira

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por Otília Martel, em 13.08.05

Palavras Gastas...

 

 

 

No pôr do sol morno
Na delícia do dia que se esvai
Tal como rio
Que de corrente fraca
Desliza preguiçosamente fragas abaixo
Até à planície onde quase adormece.
Na magia desta fronteira de luz coada
Meu ser paira entre o real e o fantástico
Envolto na suavidade das cores que sucessivamente
acontecem metamorfoseando as sombras e a luz.
Irresistivelmente
Estendo os braços para abraçar o vazio imenso à minha
Volta
E curiosamente
Abraço a miragem do teu corpo
E sinto teu hálito quente que me segreda paixão.

 

Poema de Maria Mamede in "Palavras Gastas"

 

 

 

 

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por Otília Martel, em 03.08.05

Nau de sonho

 

Pintura de Edward Hopper

 

 

Quase roçando a areia, tão beijada
pelas ondas do mar, serenamente,
à luz avermelhada e fulva do poente,
eu paro... passa a minha nau doirada.

É nau forte a errar no mar fulgente,
coberta de luzes a amurada...
Pelo sopro das ondas embalada
parece o amor no coração da gente.

É nau de sonhos, um sonho enorme em flor,
buscando as horas mágicas de cor
em que o sol morre e sente-se a verdade.

Oh minha nau doirada espera um pouco
levas ao leme um timoneiro louco
e fica meu coração doendo de saudade.

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