Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]




por Otília Martel, em 23.06.05

As cores do pensamento

  

 

 No tempo das cores impossíveis 

 o mundo vai ter tantos tons
 que ninguém vai fechar os olhos.
 
 Não vai ser possível sonhar...
 o sonho vai ser a vida
 a vida vai ser um sonho. 

 

 No tempo das cores impossíveis
 o azul será tão claro, que quase será branco
 e, o vermelho tão rubro, que quase será preto.
 
 No tempo das cores impossíveis
 as cores vão tomar conta do mundo
 e serão tantas, que não poderemos contá-las.
 
 (Mas quem contaria as cores?)
 
 No tempo das cores impossíveis
 muitas coisas vão acontecer,
 e ninguém mais vai ficar sozinho.
 
 Nesse tempo de cores impossíveis
 a água será salmão e o salmão será azul.
 As rosas serão verdes e as matas serão púrpura.
 
 Os amigos vão andar de mãos dadas pelas ruas, sozinhos...
 
 E quem não quiser olhar pode pintá-los de cores invisíveis
 no pensamento... na memória.
 Mas eles terão as cores mais bonitas e as mais impossíveis.
 
 No tempo das cores impossíveis
 o mundo terá as cores que já existem, no nosso coração
 as cores que já existem, dentro do nosso pensamento.
 
 (Julho de 2003)

Autoria e outros dados (tags, etc)


por Otília Martel, em 23.06.05

...

Um problema técnico ocorrido na manutenção do Blog originou a que todos os comentários do Post anterior tivessem sido, involuntariamente, apagados.
Pelo sucedido as minhas desculpas a todos os que me privilegiaram com a sua presença.

 

 

E aproveito para desejar um bom S.João...

Autoria e outros dados (tags, etc)


por Otília Martel, em 23.06.05

Entardecer


 

Amanhecem em mim
todos os dias quentes
de um tempo, que já vivi.

Em que virgem me fiz mulher,
mãe-menina de mil solidões,
embalada no sonho
que é a vida, aos turbilhões.

Amanhecem em ti
gaivotas no olhar,
plenas de liberdade
voando em dias serenos
de marés azuis e corais floridos,
de águas profundas
longe das multidões…

Entardecem em nós
momentos fulgurantes
em escoaçares constantes
de ave roçando o azul
do imenso infinito,
onde a eterna melodia
tocará, até ao nascer do dia.

E, da janela da vida,
o sol quente, suavemente,
num mar calmo de ilusões
entardeceu…

 


Poema destinado às Noites de Poesia S.Mamede de Infesta -17 de Junho

Autoria e outros dados (tags, etc)


por Otília Martel, em 13.06.05

Esta noite fui dançar...

tango na praia

Imagem daqui

 

Há muito tempo que não dançava.
Ou seja, há muito tempo que não ia a uma festa.
Aquela sensação de escolher o vestido adequado.
Prender o cabelo (que saudade tinha de me ver de cabelo apanhado...)
De sentir as mãos masculinas pressionando-me as costas e... dançar.
Dançar é um dos movimentos maravilhosos que existe.
Dançar e fazer amor. Há movimentos que se lhes comparem?
Eu acho que não.
Não aquelas danças modernas, aos pulos, distantes dois metros um do outro.
Não.
Aquela dança que nos faz rodopiar, enlaçadas em braços fortes, que nos seguram firme, mas suavemente.
Esta noite senti o movimento do meu corpo, como não sentia há muito.
Nunca se esquece o movimento suave da dança.
E eu não esqueci.
Senti a leveza dos pés, voando ao som da música.
Senti a suavidade do vestido valsando a cada movimento do meu corpo.
Senti a música em todos os poros do meu corpo, acariciando-me, trazendo ao meu espírito a sensação da minha volúpia e, naquele momento, cresceu em mim o orgulho de ser Mulher…. Porque...

 

Nós somos…

mar

céu
terra


Nós somos…


a mão que dá abrigo,
coração
ilusão.


Nós somos…


pronúncia
de amor,
paixão
mas, também...
ambição!

 

Nós somos…


a espada
o leite
o corpo


o verde dos prados
onde passeamos
nossos sonhos
nossas vidas
nossos amores...


Nós somos…


pássaros
surgindo em voo rasante
entre montes e vales
sobreviventes…...


na verdade,
na mentira
na traição
no despique,
de quem não tem
ilusão. 


Nós somos…...


Mulheres
Arte
Palavras


Musas de inspiração
 

Autoria e outros dados (tags, etc)


por Otília Martel, em 08.06.05

Esta tarde...



desnudei-me 

de ideias e preconceitos
e revi-me nas memórias de um tempo
que ainda não terminou.

Exalei meu perfume de fêmea madura,
expirei meu suspiro de loba faminta,
olhei para dentro de mim
e revi-me nos braços de um passado,
que se tornou presente,
de quimeras e luares,
de suores e verdades,
de paixão quente
que nunca esfriou.

Esta tarde

 

Esta tarde,
sentei-me na areia
e na simplicidade
de todas as horas perfeitas,
revi-me em momentos
sublimes, únicos
onde fomos
os actores principais.

Esta tarde,
no cheiro do silêncio
que se confunde com o rumor do mar
saciei-me na voz que não ouvi,
na meiguice das palavras que não disse,
na mão que procurei e não descobri.

...segui meu caminho deixando o mar para trás,
levando no coração o calor da frieza irónica da solidão
que senti no meio da multidão.
Desta tarde...

nada mais resta...anoiteceu...

Autoria e outros dados (tags, etc)


por Otília Martel, em 03.06.05

Para além do Horizonte



Diz-me do horizonte que

não estás perdido

na flor que colheste

no olhar que deitaste na

mão que estendeste

 

Diz-me que a solidão

não é vida para ser vivida

que o medo não é para ser sentido

que a dor não te rebela o coração.

 

Diz-me que o sol

brilha no teu olhar

que a tua pele sente a sensação

no pulsar das flores em botão.

 

Diz-me que na tua alma de criança

brilha a lembrança de mil cores

em gargalhadas sentidas  na descoberta de amores

que florescem em marés de esperança.

 

Diz-me que para além do horizonte

ainda existes 

Diz-me...

 

Responderei:

Que não te prometo

o céu

a terra

e a lua

 

Eu te prometo

o perfume de uma flor

a espuma do mar

num beijo quente

que te quero dar

 

Eu te prometo

o carinho

a doçura

dos meus olhos

para te olhar.

 

Eu te prometo

que nada posso prometer

a não ser o meu amor

que, para sempre,

te há-de pertencer.

 


(Poema para o Sarau de Poesia
Vermoim - 4 de Junho de 2005)

Autoria e outros dados (tags, etc)


por Otília Martel, em 03.06.05

Primeiro Rosto

 O Teu Rosto!..
 
 Ao desenhar o teu rosto a carvão lápis
 ou pincel, desejo que nunca termine
 desenhar no olhar do teu rosto, sorrio
 sentir-te nos meus dedos, te ilumina!
 
 Saborear a tua imagem reflectida,
 nas tuas formas para nunca as apagar...
 Saíram da minha memória próxima, distante...
 Até terminar e guardar, toda a tua beleza
 
 Desenho, e desejo todo o teu corpo inteiro
 nesta folha de papel partilhado,
 gravo na memória as tuas formas ocultas
 por este lápis desenho toda a tua beleza,
 apenas vejo o teu rosto nos meus sonhos
 
 (By Friedrich)

Autoria e outros dados (tags, etc)


Mais sobre mim

foto do autor