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No tempo das cores impossíveis
o mundo vai ter tantos tons
que ninguém vai fechar os olhos.
Não vai ser possível sonhar...
o sonho vai ser a vida
a vida vai ser um sonho.
No tempo das cores impossíveis
o azul será tão claro, que quase será branco
e, o vermelho tão rubro, que quase será preto.
No tempo das cores impossíveis
as cores vão tomar conta do mundo
e serão tantas, que não poderemos contá-las.
(Mas quem contaria as cores?)
No tempo das cores impossíveis
muitas coisas vão acontecer,
e ninguém mais vai ficar sozinho.
Nesse tempo de cores impossíveis
a água será salmão e o salmão será azul.
As rosas serão verdes e as matas serão púrpura.
Os amigos vão andar de mãos dadas pelas ruas, sozinhos...
E quem não quiser olhar pode pintá-los de cores invisíveis
no pensamento... na memória.
Mas eles terão as cores mais bonitas e as mais impossíveis.
No tempo das cores impossíveis
o mundo terá as cores que já existem, no nosso coração
as cores que já existem, dentro do nosso pensamento.
(Julho de 2003)
Um problema técnico ocorrido na manutenção do Blog originou a que todos os comentários do Post anterior tivessem sido, involuntariamente, apagados.
Pelo sucedido as minhas desculpas a todos os que me privilegiaram com a sua presença.
E aproveito para desejar um bom S.João...
Amanhecem em mim
todos os dias quentes
de um tempo, que já vivi.
Em que virgem me fiz mulher,
mãe-menina de mil solidões,
embalada no sonho
que é a vida, aos turbilhões.
Amanhecem em ti
gaivotas no olhar,
plenas de liberdade
voando em dias serenos
de marés azuis e corais floridos,
de águas profundas
longe das multidões
Entardecem em nós
momentos fulgurantes
em escoaçares constantes
de ave roçando o azul
do imenso infinito,
onde a eterna melodia
tocará, até ao nascer do dia.
E, da janela da vida,
o sol quente, suavemente,
num mar calmo de ilusões
entardeceu
Poema destinado às Noites de Poesia S.Mamede de Infesta -17 de Junho
Há muito tempo que não dançava.
Ou seja, há muito tempo que não ia a uma festa.
Aquela sensação de escolher o vestido adequado.
Prender o cabelo (que saudade tinha de me ver de cabelo apanhado...)
De sentir as mãos masculinas pressionando-me as costas e... dançar.
Dançar é um dos movimentos maravilhosos que existe.
Dançar e fazer amor. Há movimentos que se lhes comparem?
Eu acho que não.
Não aquelas danças modernas, aos pulos, distantes dois metros um do outro.
Não.
Aquela dança que nos faz rodopiar, enlaçadas em braços fortes, que nos seguram firme, mas suavemente.
Esta noite senti o movimento do meu corpo, como não sentia há muito.
Nunca se esquece o movimento suave da dança.
E eu não esqueci.
Senti a leveza dos pés, voando ao som da música.
Senti a suavidade do vestido valsando a cada movimento do meu corpo.
Senti a música em todos os poros do meu corpo, acariciando-me, trazendo ao meu espírito a sensação da minha volúpia e, naquele momento, cresceu em mim o orgulho de ser Mulher
. Porque...
Nós somos
mar
céu
terra
Nós somos
a mão que dá abrigo,
coração
ilusão.
Nós somos
pronúncia
de amor,
paixão
mas, também...
ambição!
Nós somos
a espada
o leite
o corpo
o verde dos prados
onde passeamos
nossos sonhos
nossas vidas
nossos amores...
Nós somos
pássaros
surgindo em voo rasante
entre montes e vales
sobreviventes
...
na verdade,
na mentira
na traição
no despique,
de quem não tem
ilusão.
Nós somos
...
Mulheres
Arte
Palavras
Musas de inspiração
desnudei-me
de ideias e preconceitos
e revi-me nas memórias de um tempo
que ainda não terminou.
Exalei meu perfume de fêmea madura,
expirei meu suspiro de loba faminta,
olhei para dentro de mim
e revi-me nos braços de um passado,
que se tornou presente,
de quimeras e luares,
de suores e verdades,
de paixão quente
que nunca esfriou.
Esta tarde,
sentei-me na areia
e na simplicidade
de todas as horas perfeitas,
revi-me em momentos
sublimes, únicos
onde fomos
os actores principais.
Esta tarde,
no cheiro do silêncio
que se confunde com o rumor do mar
saciei-me na voz que não ouvi,
na meiguice das palavras que não disse,
na mão que procurei e não descobri.
...segui meu caminho deixando o mar para trás,
levando no coração o calor da frieza irónica da solidão
que senti no meio da multidão.
Desta tarde...
nada mais resta...anoiteceu...
Diz-me do horizonte que
não estás perdido
na flor que colheste
no olhar que deitaste na
mão que estendeste
Diz-me que a solidão
não é vida para ser vivida
que o medo não é para ser sentido
que a dor não te rebela o coração.
Diz-me que o sol
brilha no teu olhar
que a tua pele sente a sensação
no pulsar das flores em botão.
Diz-me que na tua alma de criança
brilha a lembrança de mil cores
em gargalhadas sentidas na descoberta de amores
que florescem em marés de esperança.
Diz-me que para além do horizonte
ainda existes
Diz-me...
Responderei:
Que não te prometo
o céu
a terra
e a lua
Eu te prometo
o perfume de uma flor
a espuma do mar
num beijo quente
que te quero dar
Eu te prometo
o carinho
a doçura
dos meus olhos
para te olhar.
Eu te prometo
que nada posso prometer
a não ser o meu amor
que, para sempre,
te há-de pertencer.
(Poema para o Sarau de Poesia
Vermoim - 4 de Junho de 2005)
O Teu Rosto!..
Ao desenhar o teu rosto a carvão lápis
ou pincel, desejo que nunca termine
desenhar no olhar do teu rosto, sorrio
sentir-te nos meus dedos, te ilumina!
Saborear a tua imagem reflectida,
nas tuas formas para nunca as apagar...
Saíram da minha memória próxima, distante...
Até terminar e guardar, toda a tua beleza
Desenho, e desejo todo o teu corpo inteiro
nesta folha de papel partilhado,
gravo na memória as tuas formas ocultas
por este lápis desenho toda a tua beleza,
apenas vejo o teu rosto nos meus sonhos
(By Friedrich)