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Saber colocar o sentimento e o pensamento em palavras é como colocar em pauta musical o som do coração, qual música que entontece e nos enleia.
E nem sempre essas palavras ocorrem.
Mas os sentimentos sim. São um crescente no pensamento.
E no crescente da vida ocorrem mutações em ambos.
Na profundeza do oceano
escondi minhas mágoas.
Debaixo de uma árvore
escrevi meus poemas!
E neste mundo
o que faço?
No meio de tanta guerra,
agressão,
mantenho a minha canção,
suave e doce.
E sinto cada faísca
que se solta no vento
e me traz o som
que entoa no firmamento
soltando estrelas
de mil cores
que mergulham
no oceano
dos meus sonhos.
O bebé cresceu. Já não anda ao colo. Mas continua a ser o menino da Vovó.
A Vovó apanhada de surpresa pelo Luca enquanto cozinhava, de colher de pau na mão, nestes dias maravilhosos que passou com o neto, Junho de 2020.
Vamos lá comer a sopa, Luca!
A caminho da diversão
Depois do almoço, o descanso à beira-mar...
Ora vamos lá fazer umas habilidades
E o mar a convidar...
Chegados a casa a Yuki anda na vida de gata...
Haverá mais dias como estes...
O António e o Manuel são bebés e nasceram em 4 de Dezembro e 8 de Março, respectivamente.
Seus Pais vivem no mesmo condomínio que eu. A minha varanda a poente fica exactamente a meio das suas residências. Nestes tempos conturbados alegra-me saber notícias deles. Ver as suas fotografias dá-me esperança no mundo que me rodeia.
Foi para eles que escrevi este poema.
Para o António e o Manuel
Passa a noite.
Nasce o dia.
O melro canta
e o pardalito pia.
Nos sons da natureza
vibra a magnitude da vida,
que palpita consistente no meu poente.
Do lado direito o A.
Do lado esquerdo o M.
Entre o A e o M está
todo o Amor do Mundo.
O choro que não sinto
o riso que não vejo
e as mãozinhas que afagam
os seios de sua Mãe.
Da minha janela,
o mar confunde-se com o céu
e o ciclo da vida recomeça.
O passado
está lá longe.
O presente
é um sonho.
O futuro...
está mesmo ao meu lado.
Otília Martel
3 de Abril 2020
Em tempo de contágio mantenha a distancia. Evite o contacto fisico
Mastigar um poema, saboreá-lo, beber dele o suco que transforma as palavras numa aventura sem nome.
Delas me alimento, me aventuro ao acaso, sorrio e choro com lágrimas que lavam a alma e fortalecem o espírito.
Sorri a palavra na leveza da alma e, suavemente, como onda em mar calmo, espalhando espuma na areia fina, assim dançam as letras magicamente num amplexo de ternura que remeto para vós.
Com Amor… com Amor...
Imagem pessoal
“...
E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.”
in, “Nao te deixarei morrer, David Crockett” de Miguel Sousa Tavares
Recordo bem, apesar de ser bastante pequena (também não cresci muito mais, ok, concordo, eheh), das palavras dele quando o meu pai o censurava pelas suas saudáveis loucuras.
Ele era uma pessoa extremamente positiva e alegre. Só via o lado bom dos outros e alinhava nas minhas brincadeiras, escondendo, algumas vezes, as traquinices que eu ia fazendo.
A sua imagem está viva em mim. Cada vez mais.
Não será alheio o facto de eu também já ser avó.
A desejar que o tempo passe depressa para viver o meu neto em pleno e a fechar os olhos, como o meu avô fazia, a algumas traquinices próprias da idade. Recordo a sua voz forte mas que se tornava meiga quando falava comigo. Recordo os passeios por Sintra e, acima de tudo, recordo férias passadas na aldeia que me trouxeram o amor pelos animais, pela liberdade da natureza, pelos banhos no rio, pelas tardes calmas quando lia em voz alta ou contava as suas fantásticas histórias de juventude e o seu amor pelos cavalos.
Ou quando lançávamos papagaios de papel na Praia das Maçãs…
Vieram-me à memória todos estes pensamentos enquanto olhava, pela janela, o mar no horizonte.
Tempos felizes que recordo com um carinho absoluto. Reminiscências de uma época que me parece tão próxima como se o tempo tivesse parado.
Texto originalmente escrito no no meu outro blogue em Outubro de 2013 e que me trouxe à lembrança memórias vivas de uma realidade feliz e daqueles que amo.
Recordar o meu estado de Avó é um único pensamento: o meu neto Luca.
Cresceu. Cresceu.
Mas continua a ser o menino que embalo nos meus braços
O problema não é
meter o mundo no poema; alimentá-lo
de luz, planetas, vegetação. Nem
tão-pouco
enriquecê-lo, ornamentá-lo
com palavras delicadas, abertas
ao amor e à morte, ao sol, ao vício,
aos corpos nus dos amantes —
.
o problema é torná-lo habitável, indispensável
a quem seja mais pobre, a quem esteja
mais só
do que as palavras
acompanhadas
no poema.
.
"Do Poema", de Casimiro de Brito,
in "Canto Adolescente"
🌻
.
Imagem: Composição de plantas, oferta da minha filhota.
Portugal é um País de Poetas: muitos, dizem.
As prateleiras das estantes estão cheias de livros.
Uns que, obrigatoriamente, se estudou. Outros que se tornaram públicos. Muitos anónimos. Que nunca chegaram às prateleiras. De quem nunca se ouviu falar.
Dos publicamente conhecidos, gosto de alguns. De outros nem por isso.
Talvez tenha a ver com a minha forma de ser ou pensar.
Talvez tenha a ver com sensibilidade.
Talvez tenha a ver com as minhas fantasias e humores.
Mas sim. Gosto de poesia. Nem toda.
A que me toca a alma. A que me faz sorrir.
A que me faz pensar. A que dá esperança e faz sonhar.
A que desafia o mundo. A que diz verdades, também.
Gosto de poesia como gosto de música.
A que me arranca lágrimas e sorrisos.
A que me abraça interiormente. A que fala de saudade.
De paixão. Amor. Flores. Pássaros.
A que fala do encontro do sol e da lua. E da paz.
E dos homens e mulheres que perderam a esperança e por ela lutaram de novo.
A que fala das crianças. Do seu direito a serem felizes.
Das avós e das mães. Mas dos pais, também.
E como nos diz Walt Whitman:
“Sou o poeta do Corpo e sou o poeta da Alma,
As aventuras do Céu estão em mim e as penas do inferno estão em mim,
As primeiras enxerto e reforço em mim mesmo, as últimas traduzo para uma uma nova língua.
Sou o poeta da mulher e do homem,
E digo que é tão grande ser mulher como ser homem,
E digo que não há nada maior do que a mãe dos homens.
…”
(excerto)
in, “Canto de Mim Mesmo”, a págs.54/55
Sim. Gosto de Poesia.
Dá-me a satisfação de ser. De amar.
Fotografia: O Luca bebé ao colo da Vovó Tiló
As férias da Páscoa terminaram e o meu Luca chegou a casa radiante do passeio que deu com os pais.
A gata Yuki que eu cuidei durante este tempo demonstrou, ruidosamente, a falta que o seu menino e os donos lhe fizeram.
Embora, diariamente, brincasse e passasse um bom tempo (esqueci-me de a escovar!) com ela, a saudade dos donos foi visível.
Claro que o dono foi logo, de escova em punho, esfregar-lhe cuidadosamente a barriga e escová-la. Coisa que ela delira!
O meu Luca que no decorrer da viagem me telefonava e dizia na sua vozinha doce que tinha muitas saudades minhas, abraçou-me efusivamente.
Dias antes tinha obrigado a mãe a ligar-me de novo porque não tinha falado comigo e estava cheio de saudades.
O meu coração pula de alegria nestes momentos.
Sei que o crescimento dele acontece também com ausências de férias; tempo tão necessário para passar com os pais que lidam com ele de uma maneira inteligente e comunicativa.
Mas as saudades são tantas, tantas, que, por vezes, parece que o meu coração vai explodir.
Sentir a ausência dele, fora de casa, por outros caminhos, neste mundo tão acidentado, traz-me uma angustia terrível mas que nunca a confesso.
O prazer de revê-lo, a alegria dos seus olhos, o seu abraço carinhoso, é o bastante para me sossegar.
Outras férias virão. É bom para o seu crescimento.
Fotografias:
A gata Yuki
O Luca em férias de outro ano.
O Luca e a mania dos carros antigos
Em tempo de Primavera e no final deste dia chuvoso trago-vos um pequenino poema que dedico a uma pessoa muito especial na minha vida.
Apesar de estar de costas, na foto, é uma Menina (mas já mãe do meu Luca) doce e educada. 😘
Boa tarde ❤️
Dia após dia
serenamente
embalo-me
nas águas calmas
da minha alma.
Mergulho
no espírito da maré.
Renasço
na ondulação do vento.
Imagem: Girl and Koi Fish - Sandra V.
(ou seja, a minha filhota na contemplação de uma carpa, em tempo de férias)